terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Segundo Segredo

Noite de sexta-feira, a aula termina sempre mais cedo pois é dia de ir para o laboratório...
Eu e Sonia saímos da faculdade para irmos ao tiozinho o plano era ir comer e ver o que acontecia. Durante nosso lanche meu telefone toca:
-Pronto do que precisa gata?
Do outro lado esta a Elo uma amiga.
- Então gato, to meio enrolada vim parar num beco meio tenso, você pode vir me pegar?
- Ta por que não, onde é o beco ?
-Saca a UCDB?
-Sim, sei...
-Então vem pro rumo da UCDB, quando chegar umas quatro quadras me liga.
-De boa, mas e ai qual o problema?
- Nada de mais, lugar chato e um maluco casado no meu pé, querendo me agarrar.
- Só, relaxa que to caindo pra ai.  E desliguei.
- E ai mano, quem era?
- A Elo, ta meio enrolada, pediu ajuda.
- Bora então.
Partimos do tiozinho até a UCDB.
Eu, Sonia e o Jonny Blue começar a missão de resgate.
Chegamos ao local indicado e liguei pra Elo:
-Fala gato, estão a onde?
- Na esquina perto de um bar, a quatro quadras da UCDB.
- Massa, vira na próxima a direita, na segunda rua vira a esquerda , tem uma casa com portão aberto cheio de carro na frente, to aqui esperando.
As ruas em questão eram sem asfalto sem muita iluminação, poucas casas então acabou não sendo difícil achar a casa em questão, uma casa grande muro alto e bem isolada, Elo estava na frente nos esperando.
- Bora maluca, vamos vazar.
- Não da, a minha irmã ainda ta lá. Preciso pegar ela.
- Então que precisa?
- Oi Sonia? Não sabia que você ia vir junto.
- Fala serio, eu não vir pra uma missão de resgate, ainda mais quando o Marcos pede.
- Mas diz ai, gata que esta acontecendo e por que não podemos simplesmente cair fora, esse lugar é meio sinistro.
- Então Marcos a parada é que eu e minha irmã viemos pra cá com um cara bem minha irmã ta afim de um amigo dele, ela saiu com ele e sumiu. Ai o cara que nos trouxe quis ficar comigo, mas sabe né gato não fico com cara casado.
- Sei, mas ai?
- Bem o cara vazou já que eu não quis ficar com ele, não conheço ninguém aqui e a minha grana ta com a Carla, então liguei.
- Então bora achar a maluca da tua irmã e sair fora que a noite ta só começando e to a fim de beber hoje.
Sonia sempre direta e a fim de ficar chapada, mas ela estava certa o lugar era bem zuado, não estávamos a fim de ficar por lá, não parecia um lugar muito divertido, mas devo confessar que quando entrei pelo portão, quase mudei de ideia tinha algumas pessoas, muitas mulheres bonitas bebida a vontade, uma piscina com muita gente dentro algumas mais do que nadando.
Peguei uma cerveja afinal já que estava ali...
Entramos na casa eu, Elo e a Sonia. Uma sala grande com uma escada que dava acesso a um segundo andar, na mesa de centro da sala tinha um monte de coisas, carreiras de cocaína e cigarros de maconha. Tinha de tudo pra deixar você chapado, bem a Sonia não resistiu pegou um cigarro de maconha acendeu:
-Cara olha isso tudo, sua irmã deve estar doidona Elo.
- Com certeza.-  Elo respondeu com um sorriso.- e é por isso que nós temos que achar ela, eu sei que ela exagera, ainda mais com toda essa oferta.
Subimos as escadas, tinha um corredor  que se estendia por alguns metros e virava para a esquerda, tinham varias portas, abrimos uma por uma. Algumas estavam ocupadas, mas a Carla não estava em nenhum deles quando chegamos à parte que o corredor virava vimos vários caras fazendo uma fila na porta de um quarto, no momento algo que me dizia que tínhamos encontrado o que procurávamos. Pedi pra meninas ficarem ali e fui em direção a porta, um cara me disse:
- Espera sua fez véio, tem fila e aqui não rola furar. – O cara começou a rir, todos ali pareciam estar bem alterados.
- Mano, eu acho que minha irmã ta nesse quarto. – Todos que estavam na fila saíram dali rapidamente, nesse momento a porta abriu o cara saiu arrumando as calças olhou pra mim e disse:
- Acho que você não vai se divertir muito, ela já ta bem apagada. – saiu e as meninas estavam vindo pra perto.
- Fica ai Elo.
Eu abri a porta. No quarto tinha uma cama grande com uma garota caída em cima dela, não dava pra falar que estava deitada, estava jogada de bruços, me aproximei falei com ela e não ouve resposta toquei seu ombro e a virei, seu nariz estava sangrando, seus olhos estavam fechados e com alguns hematomas no rosto sangue estava esparramado por toda a cama. Chamei mais algumas vezes ela abriu um pouco o olho e balbuciou:
- Não quero mais, por favor ta doendo muito...
Ela apagou novamente, enrolei o corpo dela com o lençol todo manchado de sangue, peguei-a no colo sai pela porta a Sonia e a Elo estavam me esperando. Nunca me esqueci do olhar das duas, elas me encaram com espanto e dor.
- Marcos ela esta ...
- Não Elo, esta só desmaiada, mas precisamos ir pro hospital, rápido.
Descemos as escadas com o corpo da Carla em meus braços enrolado num lençol, ninguém se quer prestou muita atenção no que estava acontecendo, até parecia normal. Chegamos no carro e a pus no banco de traz e fiquei com a cabeça dela no meu colo, Elo parecia em choque não disse mais nada durante todo o trajeto até o hospital. Ficamos na sala de espera em quanto a Carla era atendida, o silêncio era cortante, mas não cabiam palavras.
Às Seis da manhã o médico chega:
- Ela vai ficar bem, não corre mais perigo. Mas eu vou precisar chamar a policia, alias já chamei e vocês vão ter que explicar o que aconteceu.
Contamos a historia para policia, fizemos o boletim de ocorrência e esperamos até às oito da manhã foi quando a Carla acordou, Elo entrou conversaram bastante, eu e Sonia ficamos do lado de fora.
- Cara o que aconteceu? Velho como ela vai ficar? Não sei o que fazer nem o que falar...
Uma das poucas vezes que a vi chorar foi neste dia. Sonia é e sempre foi uma mulher forte um dos seres mais fortes que já conheci, neste dia não só criamos um segredo, mas acabamos por compartilhar antigos.
- No fim acho que tanto eu quanto você sabemos o que falar, não é minha amiga?
- Sim.
Quando a Elo voltou encontrou nós dois abraçados e com os olhos cheios de lagrimas.
- Ela quer falar com vocês.
Entramos, ela estava deitada com um sorriso meio apagado, um grande hematoma em baixo do olho esquerdo, e alguns aranhões no rosto.
- Você ta acabada gata.
- Mandou mal Sonia, você não vê que ela acabou de acordar é normal estar meio acabada.
- Você é uma graça Marcos, além de ser meu salvador, a Elo me contou.
- Aquela, dedo duro.
- Sabe que não podia ficar sem contar essa, alias eu também preciso te agradecer, não sei o que teria acontecido se você não tivesse ido lá. Quer dizer, se vocês dois não tivessem ido.
- Relaxa, eu sou a mulher certa pra esse tipo de resgate.
- É Sonia, a gente sempre sai pra salvar pessoas na sexta à noite. Mas me diz Carla, como você esta?
- Acho que bem Marcos, a policia falou comigo, eles vão atrás dos caras e provavelmente vocês terão que testemunhar, mas quero pedir que isso ficasse só entre nós, sabe to com vergonha de tudo...desculpe por ter feito isso com vocês.
- Você não fez nada, quem fez foi aquele babaca. Não se envergonhe por nada disso, somos amigos e tudo ficara entre nós.

Assim nasceu o segredo de Sexta e durante muito tempo não falamos sobre ele, Carla ficou viva e apesar de minha opinião em relação à psicologia, devo admitir que a terapia ajudou, a seguir. Eu e Sonia ganhamos um assunto que só podíamos falar entre nós e por um tempo foi bem barra não poder falar sobre isso com o Lucas e com o Eric, mas nunca foi problema sempre tem algo que amigos simplesmente não podem saber. E se são verdadeiros amigos eles entendem.

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