segunda-feira, 7 de abril de 2014

Revolta e beijos

O revoltado nem sempre percebe a sua revolta ele fica preso num mundo de questões que não consegue responder nem entender. A revolta de que me refiro é aquela que não se aplica a um ponto especifico, a um todo que não se consegue explicar se está revoltado e ponto.
Camus da uma ideia bem interessante desta revolta a chamando de revolta meta física por se tratar muito mais de uma revolta pela perspectiva humana do que por algo mais objetivo elevando esta revolta a um questionamento as leis de Deus, mas acredito que ela se aplique muito ao sentimento que nós quatro sentíamos quando começamos a nos reunir em minha casa, não por estarmos revoltados contra Deus, mas por termos em nós uma revolta que não conseguíamos direcionar era algo maior e sem precedente para nossa compreensão.
Como já disse nem sempre consegui entender como a vida funciona, mas quando conheci a Mary algo em mim se apaziguou e quase foi esquecido. Havia substituído a inquietação por não compreender o mundo pelo amor que sentia por ela e quando ela se foi o sentimento voltou de vagar e com força quase não percebi ele chegar.
Juntando isso ao fato que meus outros três companheiros tinham o mesmo sentimento de frustração com o mundo com a vida, veio o inevitável, nossos encontros que passaram de alguns fins de semana passaram a ser diário aja visto que nem aula estávamos tendo por conta da greve.
Com o Lui e a Kim morando comigo agora éramos seis jovens sem nada que nos limitasse e ainda por cima com um combustível extremamente perigoso para a alma, à revolta.
No começo tínhamos na revolta a ideia de contra por os ideais existentes e produzimos e como produzimos.
À noite nos inspirava e dela tiramos muito proveito como no dia que o Lucas levou algumas garrafas de vinho e por lá ficamos bebendo e conversando. E lá pelas tantas o Lui pegou o violão e começamos a compor, eu a Sonia compomos, a Flor nome que demos a esta musica.
Não me fale de flor, nem das cores lindas deste mundo.
Não me fale de amor, de sonhos sem sentido.
Não ande comigo nem segure minha mão,
Nessa estrada sem rumo somos só eu e a imensidão,
Seja sempre um em dois, e que se a tristeza vier que fique pra depois...
Nunca terminamos esta musica e tantas outras que começamos. Foram tempos bons e cheios de devaneios loucos e sensatos, tínhamos nossa sensatez ficasse como que fosse era nossa, sempre nossa.
Nessa noite era lá pelas onze da noite a Kim me pergunta:
- Cara eu não vi você com ninguém até hoje, você é gay?
- Não, só não to a fim de ficar com ninguém por enquanto, eu gosto muito da Mary sabe eu ainda penso muito nela.
- Mas e ai vai ficar sozinho até quando cara? Ela vazou uma hora dessas ela ta lá nos estatis e você aqui se mantendo puro pra ela, que já deixou bem claro que não te quer mais.
- Pior em Marcos, a Kim ta certa mano.- O Eric se metendo na conversa.
- Me deixa quieto cara, to bem assim. Serio não to afim, eu sei que acabou e entendi isso. Não é me manter puro é só...
- É o caramba, vamos sair pra dar uma volta e você vai arrumar alguém pra transar e esquecer a filha da puta.
- Só eu posso chama-la de filha da puta Sonia.
Sorri pra Sonia, percebi que a Kim estava muito acelerada, mas que também estava certa. Entramos nos carros e saímos pela noite de Campo Grande, passamos em alguns bares da cidade e devo admitir eu estava muito fora de forma, levei tanto não aquela noite que nem consegui contar. Quando estava desistindo de levar fora naquela noite resolvemos passar numa festa que estava acontecendo no campus da faculdade.
Chegamos e estava uma bagunça a festa era pra arrecadar fundos para a marcha a favor da liberação da maconha, que merda, foi o que eu pensei. O pessoal saiu pra fumar um pouco do alvo da marcha e eu fiquei por lá tomando minha cerveja, quando eu vejo aquela cabeleira toda esvoaçada dançando no meio das pessoas em frente ao palco improvisado onde um grupo de pessoas que acreditavam tocar musica se apresentavam. Era a Elo o coração deu uma batida mais forte, mas me mantive a distancia. De repente senti um tapa na minha cabeça me virei pra ver quem era.
- Oi, e ai cadê teu amigo o Eric?
- Carla, ele saiu com um pessoal pra fumar um.
- Aquele safado, não o vejo faz uns dias acho que ele me deu um fora.
- Isso você tem que ver com ele.
Começamos a rir e nem notei que a Elo se aproximou de nós.
- Oi, tudo bem Marcos?
- De boa e você?
- Bem, está sozinho ou veio com a esposa hoje?
- Eu to com alguns amigos.
- Deixou a mulher em casa de novo?

- Não, ela me deixou faz um tempo.

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