terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Estrela

Cansado de muito errar, com a alma fustigada pelas intemperes de minhas escolhas, decidi caminhar pelo mundo, sem muito a carregar deixando o vento me levar... Tornei-me um vagabundo, um andarilho vivendo do pouco que outros me davam. Não sentia mais a necessidade de criar raízes ou de fazer algo, qualquer coisa que não fosse caminhar e caminhar.
Mas um dia,cheguei até um vilarejo no sul da Espanha, perto de Estepona estava a caminho do fim do mundo, queria ver o fim, imaginava que chegando a Gibraltar chegaria ao fim da minha peregrinação, ledo engano de minha mente vã.
No vilarejo conheci Maria uma senhora viúva que me acolheu em troca de alguns pequenos serviços, que eram braçais no começo até ela descobrir que o vagabundo aqui sabia ler e escrever. Minha vontade de partir era muito grande então sabíamos que minha estadia seria curta logo partiria para ver o fim do mundo. O vilarejo recebia muitos viajantes, era rota de passagem para muito e como em qualquer lugar por onde passa muita gente havia ali um bordel, um dos poucos lugares divertidos da cidadela perdida no caminho do fim do mundo, minha primeira visita foi por insistência de um outro empregado da Maria.
O bordel nada tinha de diferente de tantos outros que conheci durante as minhas caminhadas, exceto pela presença da Stella, uma prostituta italiana que tinha este nome por conta de uma pequena marca de nascença na testa que lembrava uma estrela vermelha, ao ver Stella dançar fiquei meio bobo, hipnotizado na verdade, seu corpo bailava rodando no meio do salão, seu olhar parecia prender.
Os homens brigavam por uma noite com ela, então claro não tinha dinheiro para comprar sua companhia, teria eu então que descobrir uma outra forma de me aproximar, mas como?
Os dias passaram, meu fascínio por ela aumentava consegui fazer com que tivéssemos alguns pequenos encontros casuais, algumas poucas palavras trocadas, ela não me notava, mesmo todas as pessoas percebendo meu encanto por ela...
Não tinha nada para oferecer aquela mulher que tinha o que quisesse dos homens, o que tinha eu vagabundo a oferecer, nada além de meu sentimento e de minha vontade de estar com ela, nada além disso. Até que chegou a cidade um senhor vindo de longe, amigo de dona Maria, o hospede vinha  ao vilarejo no rastro de uma mulher, que logo descobrir ser Stella, nesse dia descobri seu verdadeiro nome e alguns de seus pecados... não pensei duas vezes corri até o bordel que ainda estava fechado, pulei o muro encontrei-a arrumando as malas foi a primeira vez que nossos olhares se ligaram,nesse momento não consegui segurar minha boca, e dela saíram tudo o que tinha para falar, de minha paixão de todo fascínio que tinha por ela. Contei sobre o hospede de dona Maria, ela já sabia.
Nesse momento ela me pediu que fizesse o que talvez nenhum outro homem faria por ela...
E meu pagamento foi um único beijo e um coração partido,matei o perseguidor dela para descobrir que fui apenas uma peça de seus jogos, uma marionete usada e descartada como tantas outras na sua vida.
Não aguentei o peso de tirar uma vida, quando me matei só desejei mais uma vez teus lábios beijar...

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