terça-feira, 7 de outubro de 2014

Lá fora

Lá fora há medo, escuridão. 
Lá fora há a violência de um mundo inteiro contra um. 
Lá fora há o fracasso que se é obrigado a vestir, a cada qual cabe um nome diferente, mas é tudo o mesmo tipo humano de fracasso.
La fora a realidade, dura como uma bofetada na cara, aqui dentro, o desespero. 
Há também o desespero em cada um, o desespero que em cada sombra espreita um coração e todos os corações foram tocados por esse mal.
E desses fenonemos mundanos, há no enunciado de nossa sentença a variável da loucura, la fora a loucura espreita em cada boeiro e buraco no cimento, em cada janela de venezianas completamente lacradas e no silêncio da indiferença, aqui dentro a loucura grita, a loucura cheira cocaína, a loucura trepa e me faz trepar, a loucura agarra o seios e os apaixona pela boca, a loucura molha o sexo. Aqui dentro tudo é brilho e efusão de cores. 
Aqui dentro os meus amigos são sempre mais loucos do que eu, mesmo que por dias eu pareça voar mais alto. Aqui dentro eu sou normal, e também são eles, nos amamos, desafiamos, criticamos e denegrimos, seja ao lidar com uma puta bad duma puta trip, ou a bolar os nossos ultimos baseados.
E lá fora... lá fora tem neblina, e naquela neblina não se acha os amigos. Eu prefiro morrer aqui, de loucura, de orgasmo, de desespero, de música e poesia e esperança. Porque onde se encontra os amigos é onde se acha esperança. E eles sempre estão aqui dentro.




Texto de Daphne Martins

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